A venda multimilionária de "O Sonho (A Cama)" revela como Frida Kahlo se consolidou como a artista feminina mais requisitada do planeta.
Em 20 de novembro de 2025, uma pintura de Frida Kahlo alcançou um preço histórico em leilão: "O Sonho (A Cama)", de 1940, foi vendida por US$ 54,7 milhões, tornando-se a obra mais cara já vendida em leilão por uma artista mulher.
Esse resultado não apenas estabeleceu um preço recorde sem precedentes, como também reacendeu o debate sobre o valor simbólico, cultural e de mercado das artistas mulheres na história da arte contemporânea e moderna.

A Pintura
O Sonho (A Cama) é uma obra que reúne muitos dos temas recorrentes e elementos formais da produção de Frida Kahlo: a esfera doméstica como cenário mítico, a presença da cama como lugar de dor e desejo, a corporeidade fragmentada e imagens que mesclam o folclore mexicano com símbolos pessoais, como esqueletos, flores e animais.
A cena retrata uma mulher adormecida em uma cama com estrutura inclinada, enquanto acima dela flutua uma figura esquelética envolta em flores e explosivos; a própria cama parece suspensa em um espaço onírico. Kahlo pintou esta obra em 1940, durante um período de plena maturidade criativa após seu contato com o Surrealismo europeu e sua consolidação como figura central da vanguarda mexicana.
Embora a artista se recusasse a ser categorizada em qualquer escola específica, a mistura do íntimo, do ritualístico e do simbólico em O Sonho permite que a obra seja interpretada como uma pintura que funciona em vários níveis: autobiográfico, político e estético. No entanto, o tamanho e a proveniência da obra também influenciaram seu preço.
Obras de Kahlo são relativamente raras no mercado, pois muitas permanecem em coleções públicas mexicanas ou foram conservadas por herdeiros, de modo que cada aparição em leilão de uma pintura a óleo bem documentada gera grande interesse entre colecionadores particulares e institucionais. Além disso, esta peça veio de uma renomada coleção particular, o que amplificou a atenção internacional em seu leilão.
Frida como a artista feminina mais cara
Frida Kahlo atingiu o ápice do mercado de arte feminina devido a uma combinação de fatores: sua obra, pequena em volume, mas enorme em intensidade simbólica; seu mito público por meio de fotografias, diários e correspondências; o crescente interesse global em narrativas que resgatam vozes historicamente marginalizadas; e a demanda constante por arte latino-americana e por obras com forte carga cultural.
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A iconografia da pintura — ou seja, a cama como um lugar de doença e sono, a proximidade da morte — conecta-se diretamente com a biografia de Kahlo: seu acidente, suas cirurgias e seu relacionamento tumultuado com Diego Rivera. Isso faz com que a obra funcione hoje tanto como um documento emocional quanto como um objeto altamente colecionável. Tudo isso explica como ela se tornou a "artista mais cara".
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