Entrevista com Massoud Shojai Tabatabai

LATAMARTE: Sr. Shojai Tabatabai, para começar, você poderia nos contar o que o levou ao mundo da charge e da caricatura?

Shojai Tabatabai: Quando eu era adolescente, conheci a revista satírica “Tofiq”. Seu humor afiado e crítica social me marcaram profundamente. Com minha paixão pelo desenho, esse contato me atraiu gradualmente para o universo da caricatura. Percebi que uma imagem simples podia provocar reflexão, despertar consciência e desafiar injustiças – tudo sem uma única palavra.

LATAMARTE: Você é conhecido por sua postura socialmente comprometida. O que significa “compromisso” na arte para você?

Shojai Tabatabai: Compromisso artístico é estar ao lado do povo quando ele sofre. É usar a arte não apenas para a beleza, mas para a verdade. Nunca acreditei em arte neutra. Cada traço deve ter um significado. Ser comprometido é não desviar o olhar diante da injustiça. A arte deve falar onde o silêncio se torna cumplicidade.

LATAMARTE: Seu trabalho sobre temas como Palestina, Gaza e terrorismo é amplamente conhecido. Por que esses temas são tão centrais na sua obra?

Shojai Tabatabai: Porque não são apenas temas políticos – são profundamente humanos. O sofrimento das crianças em Gaza ou das vítimas da injustiça global não pode ser ignorado. Como artista iraniano e muçulmano, sinto a responsabilidade de não ficar em silêncio diante da crueldade. Essas obras não são simples ilustrações – são protestos visuais.

LATAMARTE: Você organizou várias exposições internacionais. Como vê seu papel no incentivo a novos talentos?

Shojai Tabatabai: Através de plataformas como Iran Cartoon e concursos internacionais, vi artistas desconhecidos ganharem destaque. Isso é uma das minhas maiores alegrias. Precisamos garantir que cartunistas de lugares sem visibilidade possam compartilhar sua voz no mundo. A arte deve ser sem fronteiras.

LATAMARTE: Já houve um desenho que o emocionou profundamente enquanto o criava?

Shojai Tabatabai: Com certeza. Uma das minhas obras mais emocionantes retratava crianças presas sob os escombros em Gaza. Eu não conseguia parar de chorar enquanto desenhava. Senti como se estivesse lá. Esse momento mudou a maneira como vejo meu papel como artista.

LATAMARTE: Como evoluiu sua visão sobre a sátira ao longo dos anos?

Shojai Tabatabai: Antes eu via a sátira como entretenimento. Com o tempo, percebi que ela é uma arma – afiada, inteligente e humana. A sátira, usada com sabedoria, pode questionar o poder de forma mais eficaz do que qualquer grito.

LATAMARTE: Por fim, qual mensagem você deixaria para as futuras gerações de cartunistas?

Shojai Tabatabai: Que sua arte reflita seu povo – e não apenas seu ego. Que seus traços ecoem as vozes silenciadas. Porque a arte, em sua forma mais autêntica, é o grito silencioso que não pode ser ignorado.