A arte visual na Bolívia é profundamente enraizada na ancestralidade indígena e nas lutas sociais que moldaram a história do país. Desde as culturas pré-colombianas, como Tiwanaku, a produção artística boliviana revela uma forte conexão com o sagrado, a natureza e a vida comunitária, expressa em esculturas em pedra, cerâmicas e símbolos que ainda influenciam a estética contemporânea.
Durante o período colonial, a arte visual boliviana desenvolveu formas híbridas, combinando técnicas europeias com cosmovisões andinas. A pintura religiosa e a arquitetura barroca ganharam características próprias, especialmente na região de Potosí, onde imagens cristãs incorporaram elementos indígenas, cores intensas e simbologias locais. Essas obras funcionaram tanto como instrumentos de evangelização quanto como formas sutis de resistência cultural.
No século XX, a arte visual na Bolívia tornou-se um meio de afirmação política e social. O muralismo e a pintura social passaram a retratar o cotidiano dos povos indígenas, dos trabalhadores e das comunidades camponesas. Artistas como Miguel Alandia Pantoja utilizaram a arte como ferramenta de denúncia das desigualdades, da exploração econômica e da repressão política, reforçando o papel da arte como voz coletiva.
Na contemporaneidade, a arte visual boliviana apresenta grande diversidade de linguagens. Pintura, fotografia, arte urbana, performance e arte digital dialogam com temas como identidade plurinacional, memória histórica, meio ambiente e globalização. Cidades como La Paz e Santa Cruz de la Sierra concentram espaços culturais, museus e coletivos independentes que incentivam a criação crítica e experimental.
Assim, a arte visual na Bolívia afirma-se como um campo de resistência e expressão identitária, onde tradição e inovação se encontram para narrar histórias de pertencimento, luta e transformação social.
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