A arte visual no Paraguai reflete profundamente a história, a cultura e as contradições sociais do país. Marcada pela herança indígena guarani, pela experiência colonial e por longos períodos de isolamento político, a produção artística paraguaia desenvolveu uma identidade singular, na qual tradição e resistência caminham lado a lado.
As manifestações visuais mais antigas estão ligadas às culturas indígenas, especialmente à cerâmica, à cestaria e à arte têxtil guarani, nas quais o simbolismo e a relação com a natureza ocupam papel central. Durante o período colonial, a arte religiosa teve grande destaque, com esculturas e pinturas sacras produzidas para igrejas e missões, muitas vezes por artistas indígenas que reinterpretavam modelos europeus.
No século XX, a arte visual paraguaia passou a dialogar com movimentos modernos e contemporâneos, mesmo enfrentando as limitações impostas pela ditadura de Alfredo Stroessner (1954–1989). Nesse contexto, artistas utilizaram a pintura, a gravura e o desenho como formas sutis de crítica social e preservação da memória. A cerâmica de Itá, por exemplo, consolidou-se como um símbolo cultural que transita entre o artesanal e o artístico.
Com a redemocratização, a produção visual no Paraguai ganhou maior visibilidade e diversidade. Artistas contemporâneos passaram a explorar fotografia, instalação, vídeo e arte conceitual para abordar temas como identidade nacional, gênero, desigualdade social, memória política e território. Assunção tornou-se um polo cultural, com museus, centros independentes e coletivos que incentivam a experimentação e o diálogo regional.
Assim, a arte visual no Paraguai afirma-se como um campo em constante construção, onde o passado indígena, a memória histórica e as práticas contemporâneas se entrelaçam para expressar a complexidade e a riqueza cultural do país.
Latamarte