O cubismo, um movimento artístico revolucionário que surgiu no início do século XX, transformou radicalmente a maneira como os artistas e o público entendiam a representação da realidade. Liderado pelos gênios Pablo Picasso e Georges Braque, esse estilo não buscava imitar a realidade literalmente, mas sim desconstruí-la e mostrá-la de múltiplos pontos de vista simultaneamente.
Antes do cubismo, a pintura ocidental baseava-se na perspectiva linear, um método que permitia criar a ilusão de profundidade e realismo em uma superfície plana. Os cubistas romperam com essa tradição. Em vez de representar um objeto ou pessoa como ele apareceria de um único ângulo, eles o fragmentavam em formas geométricas (cubos, cones, cilindros) e as reorganizavam na tela. Essa abordagem permitia ao observador ver o objeto em sua totalidade — não apenas sua aparência superficial, mas também sua estrutura e essência.
O cubismo é dividido em duas fases principais:
1. Cubismo Analítico (1907-1912): Esta foi a fase inicial e mais rigorosa do movimento. Os artistas se concentravam em desconstruir objetos, dividindo-os em facetas e planos sobrepostos. A paleta de cores era muito limitada, utilizando principalmente tons de cinza, marrom e preto, de modo que o foco principal era a forma e a estrutura, não a cor. Obras desse período costumam ser difíceis de decifrar, pois os objetos são tão fragmentados que quase se tornam abstratos. Um exemplo icônico é o retrato de Ambroise Vollard, feito por Picasso.
2. Cubismo Sintético (1912-1914): Nessa fase, os artistas simplificaram suas composições. Em vez de dividir o objeto em inúmeros fragmentos, começaram a "sintetizar", ou seja, a construir o objeto a partir de elementos simplificados. Introduziram a colagem, colando pedaços de jornal, tecido ou madeira na tela. Isso não apenas adicionava textura, mas também era uma forma de trazer a realidade material para a arte, desafiando a ideia tradicional de pintura. Essa fase é mais colorida e acessível do que a anterior.
O cubismo não apenas influenciou a pintura e a escultura, mas também teve um impacto significativo na arquitetura, no design e em outras formas de arte. Seu legado perdura como um ponto de virada na história da arte moderna, demonstrando que a verdade de um objeto não reside apenas em sua aparência, mas na soma de todas as suas partes.
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