A arte visual no Peru é profundamente marcada pela coexistência entre heranças ancestrais e práticas contemporâneas. Desde as civilizações pré-colombianas, como os Moche, Nazca e Inca, a produção visual peruana revela um domínio sofisticado da cerâmica, do têxtil, da arquitetura e do simbolismo, estabelecendo uma base cultural que ainda hoje influencia artistas e criadores.
Durante o período colonial, a arte visual foi fortemente impactada pela presença espanhola, dando origem a expressões híbridas. A Escola Cusquenha de pintura é um exemplo emblemático dessa fusão, combinando técnicas europeias com iconografia andina, cores intensas e elementos locais. Essas obras não apenas cumpriam funções religiosas, mas também afirmavam identidades indígenas em um contexto de dominação colonial.
No século XX, a arte visual peruana passou por um processo de afirmação nacional. O indigenismo, liderado por artistas como José Sabogal, valorizou a cultura andina e o cotidiano dos povos indígenas como temas centrais da pintura e do muralismo. Esse movimento teve forte impacto social e político, ao reivindicar visibilidade e dignidade para populações historicamente marginalizadas.
Nas últimas décadas, a arte visual no Peru tem se destacado pela diversidade de linguagens e pela reflexão crítica sobre temas contemporâneos. Artistas trabalham com fotografia, vídeo, instalação e arte digital para abordar questões como memória, violência política, migração, desigualdade social e identidade urbana. Lima consolidou-se como um importante polo artístico, com museus, bienais, espaços independentes e coletivos que estimulam a experimentação.
Assim, a arte visual peruana revela-se como um campo dinâmico, onde passado e presente dialogam constantemente. Ao unir tradição ancestral e inovação, os artistas do Peru constroem narrativas visuais que reforçam a riqueza cultural do país e sua relevância no cenário artístico latino-americano.
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