Seu legado permanece como uma janela artística e científica para os trópicos latino-americanos.
Ferdinand Bellermann (1814-1889) foi um artista alemão que encontrou na Venezuela uma fonte inesgotável de inspiração. Considerado um dos pintores viajantes mais proeminentes do século XIX, Bellermann viajou pelo país por mais de três anos, motivado pelo fascínio do naturalista Alexander von Humboldt. Ao contrário de outros artistas europeus de sua época, Bellermann não concentrou sua atenção na figura humana, mas sim na vasta e imponente paisagem tropical, que retratou com uma mistura de admiração científica e sensibilidade romântica.
Durante sua estadia, realizou mais de 230 esboços e estudos de campo, hoje preservados no Kupferstichkabinett em Berlim. Bellermann documentou meticulosamente tanto a vegetação exuberante quanto a vida urbana e rural, seguindo um itinerário sugerido por Humboldt. Sua obra é caracterizada por composições em que a natureza domina completamente o ambiente, relegando a presença humana a um papel secundário. O artista via a paisagem como um pano de fundo dramático, refletindo a luta entre civilização e natureza.
Bellermann foi treinado por figuras-chave da arte alemã, como Johann Heinrich Meyer e Karl Blechen, o que lhe proporcionou uma sólida base técnica e uma visão estética influenciada pelo Romantismo e pelo início do Impressionismo. Ao retornar à Europa, a Venezuela permaneceu profundamente enraizada em sua memória e obra. Uma de suas pinturas mais reconhecidas, Costa de La Guaira al atardecer (Costa de La Guaira ao Pôr do Sol), foi avaliada em quase um milhão de dólares em 2013. Seu legado permanece como uma janela artística e científica para os trópicos latino-americanos.
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