Entrevista Imaginária com David Alfaro Siqueiros

Entrevista Imaginária com David Alfaro Siqueiros

 

Entrevistador: Mestre Siqueiros, obrigado por nos acompanhar além do tempo. Vamos começar pelas suas origens. O que o inspirou a seguir o caminho da arte política?
Siqueiros: Desde jovem testemunhei a crueldade da desigualdade. Tinha 15 anos quando entrei na greve estudantil da Academia de San Carlos. A revolução não era apenas um evento—era o ar que respirávamos. Para mim, a arte tornou-se uma arma. Um mural não é decoração, é uma parede que fala ao povo.

Entrevistador: Seus murais são conhecidos por suas formas dinâmicas e mensagens sociais. Qual é a filosofia por trás da sua técnica?
Siqueiros: Acreditava no nuevo realismo—um realismo revolucionário. A arte deve ser pública, coletiva e política. Usei ferramentas modernas—pistolas de tinta, andaimes e fotografia—para fazer arte para as massas, não para os salões. Pintei em prédios públicos porque as paredes pertencem ao povo.

Entrevistador: Você também esteve profundamente envolvido na política internacional. Como isso moldou sua arte?
Siqueiros: Lutei na Guerra Civil Espanhola, apoiei os trabalhadores e enfrentei o fascismo. Meus murais são batalhas nos muros—Eco de um Grito, Morte ao Invasor—que clamam contra a opressão. Fui preso, exilado, até acusado de tentar assassinar Trotsky. Mas continuei pintando.

Entrevistador: Qual era sua relação com Rivera e Orozco, seus colegas muralistas?
Siqueiros: Ah! Los tres grandes... Rivera tinha grandeza, Orozco tinha alma. Brigávamos, às vezes ferozmente, mas compartilhávamos um sonho: que a arte mexicana fosse revolucionária. Onde Rivera pintava a festa da revolução, eu pintava sua fúria. Onde Orozco mostrava a tragédia, eu mostrava a ação.

Entrevistador: Se pudesse falar aos jovens artistas de hoje, o que diria?
Siqueiros: Não pinte o que vende. Pinte o que abala. Faça do seu pincel um fuzil, da sua tela um campo de batalha. O mundo precisa de artistas que enfrentem, não que se conformem. Seja perigoso—seja verdadeiro.

Entrevistador: E por fim, como gostaria de ser lembrado?
Siqueiros: Não como pintor. Nem como soldado. Mas como um homem que acreditava que os muros devem falar, gritar e cantar por justiça.

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David Alfaro Siqueiros

David Alfaro Siqueiros

By LatAm ARTE

David Alfaro Siqueiros (1896–1974) foi um pintor, muralista e ativista político mexicano. Nascido em Chihuahua, México, é consi ...