Obra do fotógrafo Damián Ayma Zepita chega ao Mercosul

Obra do fotógrafo Damián Ayma Zepita chega ao Mercosul

O Museu de Etnografia e Folclore (MUSEF) apresenta o legado do artista indígena boliviano no exterior pela primeira vez, com uma exposição em Porto Alegre.

Pela primeira vez, o mundo descobre a vida e as tradições do planalto andino através das lentes profundas de Damián Ayma Zepita, um fotógrafo indígena boliviano. Seu acervo fotográfico, com curadoria do Museu Nacional de Etnografia e Folclore (MUSEF), brilha na 14ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Brasil, com imagens que nos convidam a repensar a história e a identidade latino-americanas a partir da perspectiva dos povos indígenas.

“Com profundo orgulho nacional e firme compromisso com a visibilidade das vozes indígenas na arte contemporânea, o Museu Nacional de Etnografia e Folclore (Musef) anuncia a participação do acervo fotográfico de Damián Ayma Zepita na prestigiada 14ª Bienal do Mercosul, que acontece em Porto Alegre, Brasil”, afirmou a instituição, que faz parte da Fundação Cultural Banco Central (FC-BCB), em comunicado.

Um conjunto de fotografias emblemáticas do acervo de Ayma Zepita, criteriosamente selecionadas pela equipe curatorial da bienal sob o conceito "Estalo", encontra-se atualmente em exposição na histórica Usina do Gasômetro, um dos principais espaços culturais da cidade. A exposição está aberta de terça a domingo, das 9h às 17h, e permanecerá aberta até 1º de junho.

Damián Ayma Zepita (1921-1999), fotógrafo trilíngue (aymara, quéchua e espanhol) e autodidata, passou mais de cinco décadas viajando por comunidades rurais do planalto boliviano, capturando festas de santos padroeiros, rituais agrícolas, retratos de família, paisagens andinas e a vida cotidiana. Sua lente era mais do que um registro, era uma ferramenta para um arquivo vivo e para a autodeterminação visual dos povos indígenas. Em 2019, sua obra foi reconhecida como Memória do Mundo pelo MoWLAC da UNESCO.

"Esta é a primeira vez que uma seleção de sua obra é apresentada fora da Bolívia no âmbito de uma bienal internacional, marcando um marco histórico para a fotografia indígena boliviana e posicionando o Museu como referência no resgate e na divulgação do patrimônio visual descolonizador", enfatizou o museu.

A presença do arquivo de Ayma na bienal responde, segundo o Musef, à crescente necessidade de romper com as narrativas hegemônicas da arte latino-americana e introduzir perspectivas que não apenas documentem, mas também desafiem, resistam e reconstruam a memória a partir da perspectiva dos povos indígenas.

O museu enfatizou que a participação na bienal é resultado de um trabalho contínuo para preservar, digitalizar e disseminar o arquivo de Ayma Zepita, que atualmente contém mais de 18.000 registros visuais.

LEGADO EM LA PAZ

O público também pode visitar a exclusiva sala Damián Ayma Zepita no Musef em La Paz, onde uma seleção de fotografias de seu vasto arquivo visual está em exposição. O museu está aberto de segunda a domingo, oferecendo uma experiência direta com uma das perspectivas mais lúcidas e profundas sobre a Bolívia rural do século XX.

Além disso, aqueles que desejam levar para casa parte dessa memória coletiva podem adquirir um catálogo especial de sua obra na loja do Jatha-Musef. Inclui fotografias, textos analíticos e histórias de vida sobre este fotógrafo itinerante.
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