“Palestina Livre!”: Artista desafia censura britânica com bandeira palestina na Ópera de Londres
Uma cena inesperada abalou a tranquilidade elitista da Royal Opera House na última sexta-feira, quando um artista do elenco final de Il Trovatore hasteou a bandeira palestina durante a ovação final, desafiando as regras de “neutralidade” impostas pela instituição cultural.
O ato, que provocou aplausos da plateia e evidente desconforto nos bastidores, trouxe mais uma vez à tona a hipocrisia ocidental em relação à liberdade de expressão quando se trata do sofrimento do povo palestino.
O protagonista do gesto foi Daniel Perry, um dançarino queer com histórico de ativismo, que se manteve firme apesar dos esforços da equipe do teatro para arrancar a bandeira de suas mãos. Perry, vestido como um diabo com chifres em seu papel, agitou a bandeira palestina “enquanto os membros do elenco principal recebiam aplausos”.
A instituição rapidamente se pronunciou. Uma declaração dissociando-se do gesto: “A Royal Opera House não tolera a exibição não autorizada de bandeiras no palco. Este gesto foi inapropriado.” No entanto, nos bastidores e nas redes sociais, a crítica foi diferente: “A arte deve incomodar os que estão no poder e dar voz aos silenciados”, escreveu um espectador no X.
A arte não pede permissão para defender a Palestina.
O protesto não foi violento nem verbal, mas foi tratado como uma ameaça. O Times descreveu como um espectador do teatro “subiu correndo os degraus do palco para tentar roubar a bandeira”, sem sucesso. Perry se manteve firme até a cortina cair.
O ato ocorreu durante a apresentação final de uma série de onze apresentações de Il Trovatore na Royal Opera House. Ao saber que havia sido identificado, Perry declarou em uma publicação anterior: “Minha existência já é uma forma de resistência. Ser queer, um artista e um palestino solidário é motivo suficiente para a censura.”
Enquanto a imprensa conservadora e o establishment da ópera se escondem atrás de uma "política cultural neutra", organizações de direitos humanos têm apontado o duplo padrão ocidental, que permite o hasteamento de bandeiras ucranianas ou israelenses em teatros e concertos, mas criminaliza símbolos da Palestina como "inadequados" ou "divisivos".
Este último episódio ocorre em meio a um Reino Unido convulsionado por manifestações pró-palestinas cada vez mais reprimidas. O The Guardian alertou em um editorial que a polícia britânica "parece estar tentando criminalizar todos os protestos pró-palestinos". E, no entanto, a bandeira tremulou. Brevemente. Constantemente. No coração da cultura britânica.
"Foi um ato pequeno, mas corajoso", opinou um crítico de teatro. "E mesmo que a Royal Opera queira apagá-lo, já faz parte da história."
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