ArPa destaca artistas latino-americanos em feira de arte no Pacaembu

ArPa destaca artistas latino-americanos em feira de arte no Pacaembu

A ArPa, feira de arte contemporânea, inicia sua quarta edição no Pacaembu, reunindo 60 galerias e destacando artistas da América Latina até domingo.
A ArPa, feira de arte que celebra a produção contemporânea da América Latina, chega à sua quarta edição nesta quarta-feira, 28 de setembro, no Mercado Livre Arena Pacaembu. O evento, que se estenderá até domingo, reúne aproximadamente 60 galerias, incluindo 14 internacionais, com um enfoque especial na arte de países vizinhos.

Entre as participantes, destaca-se a colombiana Casas Riegner, que apresenta a artista Camila Rodríguez Triana, cujas obras exploram questões de ancestralidade, identidade e território. A galeria argentina Ruth Benzacar traz o trabalho de Florencia Rodrigues Giles, que aborda o corpo como um espaço de tensão e transformação. Do México, a Campeche mostra Alicia Ayanegui, que investiga o espaço doméstico e a memória em suas criações.

Camilla Barella, diretora-geral da ArPa, explica que a proposta da feira é fomentar um diálogo direto com a cena artística nacional. "Estamos próximos desses países e percebemos que muitos dos desafios enfrentados são similares. Portanto, essa troca de produções artísticas, interesses e conhecimentos é fundamental", afirma.

Os dados obtidos pela Pesquisa ArPa, que será divulgada na íntegra durante a abertura do evento, reforçam a relevância do foco na América Latina. Realizada em parceria com a Agência Galo entre 1º de abril e 21 de maio, a pesquisa teve como objetivo mapear as expectativas de artistas, galeristas, colecionadores e consultores. De 295 agentes do mercado de arte brasileiro que responderam ao questionário, 88% indicaram um aumento do interesse internacional por artistas da região, enquanto 43% relataram uma leve elevação nas vendas.

A ArPa se destaca também por seu intuito de proporcionar uma imersão artística profunda, ao apresentar um número restrito de artistas, permitindo uma apreciação mais abrangente de suas obras. A consultora colombiana Ana Sokoloff, com experiência em casas de leilões renomadas como Christie’s e Sotheby’s, foi responsável pela curadoria do setor Uni. Neste espaço, cada galeria se compromete a mostrar obras de um único artista.

Entre os selecionados para o evento, estão a brasileira Lima Galeria, que foca no piauiense Gabriel Archanjo, a espanhola Formatocomodo, que apresenta a produção da baiana Ventura Profana, e a mexicana OMR, que destaca a artista argentina Ad Minoliti. Na seção Principal, que abriga a maioria das galerias participantes, não há a exigência de que cada expositor apresente apenas um artista, mas muitos seguem esse modelo.

Camilla explica que a abordagem de mostrar vários trabalhos de um mesmo artista permite ao público ter uma compreensão mais profunda da prática desse criador. "Isso facilita a absorção de conhecimento, especialmente para iniciantes, que conseguem ver diferentes obras e entender melhor o processo criativo. Para o público especializado, é uma oportunidade de descobrir lados desconhecidos do artista", observa.

Outro aspecto marcante desta edição é a significativa presença feminina, com cerca de 50% das obras sendo assinadas por mulheres e quase metade das galerias participantes lideradas por elas. "Algumas das galerias mais tradicionais, como a Raquel Arnaud e a Luisa Strina, sempre foram marcadas por um forte papel feminino, e estamos percebendo uma reparação nesse sentido. Como uma feira liderada por mulheres, isso é importante para nós", destaca Camilla.

A Galeria Nara Roesler, por exemplo, reservou seu estande para Mônica Ventura, uma artista que atualmente tem seu trabalho em cartaz no Octógono da Pinacoteca de São Paulo. Outros destaques incluem a Galeria MaPa e suas exposições dedicadas à figuração expressionista de Ismênia Coaracy (1918-2022) e à geometria colorida de Jandyra Waters (1921-2025). Também merece menção o quarteto feminino evidenciado pela Galeria Luisa Strina, que reúne obras de Fernanda Gomes, Anna Maria Maiolino, Cinthia Marcelle e Brisa Noronha.

Um terceiro setor da feira, chamado Base, será o espaço para debates, onde serão promovidas conversas sobre projetos expositivos inovadores com um viés pedagógico. Nesse segmento, quatro artistas foram convidados a colaborar com pares de sua escolha para explorar como as influências de gerações anteriores são processadas pelas novas.

Embora a ArPa também ofereça um espaço para o mercado secundário, onde obras de artistas icônicos são revendidas, a maior parte da seleção consiste em nomes contemporâneos que estão ativos e produzindo projetos inéditos. "Isso é extremamente positivo e está alinhado com a nossa missão de promover o crescimento da comunidade artística brasileira, contribuindo para a sua sustentabilidade e relevância", afirma Camilla.

Desde sua primeira edição, a ArPa ocorre em conjunto com a 13ª edição da feira Mercado Arte Design (Made), que é voltada para estúdios e designers brasileiros de itens colecionáveis. Os visitantes poderão acessar ambos os eventos com o mesmo ingresso.

A 4ª ArPa Feira de Arte acontece de quarta a sábado, das 13h às 20h, e no domingo, das 11h às 18h, no Mercado Livre Arena Pacaembu, em São Paulo.

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