A fotógrafa mexicana foi distinguida esta sexta-feira com o prestigiado Prémio Princesa das Astúrias para as Artes 2025, consolidando a sua posição como uma das figuras mais influentes da fotografia contemporânea latino-americana.
Nascida na Cidade do México em 1942, Graciela Iturbide desenvolveu durante mais de cinco décadas uma obra fotográfica que transcende os limites da arte convencional. O seu trabalho caracteriza-se por uma profunda sensibilidade às culturas ancestrais e uma capacidade excecional de captar a essência de comunidades em transição.
tor Por Jacobo Caso - Trabajo propio, CC BY 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=147709379
De Jesús Maturana
Publicado a 25/05/2025 - 13:16 GMT+2
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A fotógrafa mexicana foi distinguida esta sexta-feira com o prestigiado Prémio Princesa das Astúrias para as Artes 2025, consolidando a sua posição como uma das figuras mais influentes da fotografia contemporânea latino-americana.
Nascida na Cidade do México em 1942, Graciela Iturbide desenvolveu durante mais de cinco décadas uma obra fotográfica que transcende os limites da arte convencional. O seu trabalho caracteriza-se por uma profunda sensibilidade às culturas ancestrais e uma capacidade excecional de captar a essência de comunidades em transição.
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A artista concebe a fotografia como uma ferramenta de conhecimento, exploração e investigação cultural, criando imagens que revelam tanto a fragilidade como a resiliência de tradições seculares.
O seu estilo distinto, predominantemente a preto e branco, consegue transmitir a complexa interação entre a natureza e a cultura, ao mesmo tempo que explora a dimensão simbólica das paisagens e dos objectos do quotidiano transformados pelo seu olhar artístico. Esta abordagem fez de Iturbide um cronista visual indispensável para compreender a evolução sociocultural do México e da América Latina.
Obra icónica e reconhecimento internacional
Entre as obras mais célebres de Graciela Iturbide encontra-se o seu extraordinário registo fotográfico de 1979 dos índios Seri do deserto de Sonora, uma série que exemplifica a sua capacidade de documentar culturas em risco de desaparecimento com respeito e profundidade artística. Igualmente célebre é a sua série sobre a casa de banho de Frida Kahlo em Coyoacán, onde capta a intimidade e o simbolismo do espaço pessoal da icónica pintora mexicana.
O seu trabalho transcendeu as fronteiras geográficas, retratando não só ospovos indígenas do México, mas também comunidades no Panamá, Madagáscar e Cuba. Esta amplitude geográfica demonstra o seu empenho universal na preservação visual de diversas culturas e a capacidade de encontrar pontos comuns na experiência humana.
O reconhecimento internacional do seu trabalho reflecte-se em exposições de prestígio em instituições como o Centro Georges Pompidou em Paris, a Barbican Art Gallery em Londres, o Museu de Fotografia de Hokkaido no Japão e o Museu de Arte Moderna de São Francisco. Estas exposições posicionaram o seu trabalho no cânone da fotografia de belas artes a nível mundial.
Princesa das Astúrias para as Artes: tradição e prestígio
A eleição de Iturbide representa um reconhecimento significativo da fotografia como disciplina artística e, especificamente, do trabalho de documentação social e cultural que caracteriza a sua obra. O seu prémio sublinha a importância crescente da fotografia latino-americana no panorama artístico mundial.
O prémio de Iturbide é o quarto da XLV edição dos Prémios Princesa das Astúrias. Anteriormente, o Prémio de Comunicação e Humanidades foi atribuído ao filósofo alemão nascido na Coreia do Sul Byung-Chul Han, o Prémio de Literatura ao escritor barcelonês Eduardo Mendoza e o Prémio de Ciências Sociais ao sociólogo e demógrafo americano Douglas Massey.
A cerimónia de entrega dos prémios prossegue com as seguintes categorias: Desporto, a 28 de maio, Concórdia, a 4 de junho, Investigação Científica e Técnica, a 12 de junho, e Cooperação Internacional, a 18 de junho.
O reconhecimento de Graciela Iturbide transcende o mérito individual; a artista mexicana demonstrou que a fotografia pode ser simultaneamente arte e documento histórico, beleza estética e empenhamento social.
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