Malba: “Pop Brasil” é mostra essencial para entender o país

Malba: “Pop Brasil” é mostra essencial para entender o país

    São mais de 120 obras de 50 artistas na mostra dos anos 1960 e 1970 e que irá até fevereiro
    Em entrevista ao Clarin em Português, o diretor artístico do museu, Rodrigo Moura, falou sobre a importância da exposição
O fio condutor da mostra “Pop Brasil: vanguardia y nueva figuración, 1960s-70s” é a força da cultura brasileira após o golpe militar de 1964. A resistência contra o período ditatorial através da arte e de registros fotográficos históricos daquele período.

Percorrer a exposição, no segundo andar do museu Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, é a oportunidade de se encontrar com obras de Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Glauco Rodrigues, Claudio Tozzi, Mira Schendel, Wanda Pimentel, entre outros, e fotos em preto e branco de flagrantes da ditadura assinadas pelo fotógrafo Evandro Teixeira, e de Chico Buarque, no clique de Claudia Andujar.
Em entrevista ao Clarín em Português, o diretor do Malba, o brasileiro Rodrigo Moura, que se mudou há poucos meses para Buenos Aires, contou que a exposição ‘Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-1970’ nasceu na Pinacoteca, em São Paulo, onde ficou durante cinco meses até outubro deste ano.
Bob Dylan, na mirada de Claudio Tozzi. (Foto: Alejandro Guyot, gentileza imprensa do Malba). 
Pinacoteca de São Paulo


À reunião das obras da mostra na Pinacoteca somaram-se as do acervo do Malba e da coleção Costantini. A versatilidade é também uma das vertentes da mostra e daquele período.

“É uma exposição envolvente, que tem esse sabor de época e que atrai tanto o público em geral quanto os especialistas em arte”, disse Rodrigo Moura. Antes de assumir como diretor artístico do museu, Moura, que já trabalhou como jornalista, foi, durante seis anos, o chefe da curadoria do El Museo del Bairro, de Nova York, que tem o foco na arte da América Latina e do Caribe. Sua trajetória inclui o MASP (Museu de Arte de São Paulo) e o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. 
Ele é o primeiro diretor artístico brasileiro do Malba e repassa a importância da exposição “Pop Brasil”. “São obras que desafiavam o regime e que mostram também as outras faces do Brasil naquele período. O mercado fonográfico, o programa do Chacrinha, a urbanização de Brasília, a revolução dos costumes, o erotismo, a mulher com protagonismo enorme, o espaço público mais igualitário entre os homens e mulheres, a contracultura, os questionamentos da cultura burguesa”, comenta.
A vitalidade das artes no Brasil, a revelação de comportamentos e fatos marcantes da história brasileira estão reunidas na exposição que, como recordou Moura, reúne obras sobre a passeata dos Cem Mil, em junho de 1968, contra a ditadura militar brasileira, e a ocupação artística do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Ou seja, imperdível. Para entender ou recordar aqueles anos sessenta e setenta no Brasil. 
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