A feira internacional de fotografia recebe a exposição “A Última Foto”, que explora a influência da imagem na sociedade e na política através da coleção de Estrellita Brodsky, reunindo obras da década de 1940 até os dias atuais.
A filantropa, acadêmica e colecionadora Estrellita Brodsky, figura de destaque na promoção da arte latino-americana nos Estados Unidos, chega à Europa pela primeira vez com sua exposição “A Última Foto”, apresentada na feira Paris Photo, que celebra sua 28ª edição de 13 a 16 de novembro no Grand Palais (Foto: EFE / Isabel Rodríguez Ramiro).
A filantropa, acadêmica e colecionadora Estrellita Brodsky, figura de destaque na promoção da arte latino-americana nos Estados Unidos, chega à Europa pela primeira vez com sua exposição "A Última Foto", apresentada na feira Paris Photo, que celebra sua 28ª edição de 13 a 16 de novembro no Grand Palais.
Sob o patrocínio do presidente francês Emmanuel Macron e reunindo 220 expositores de 33 países, a Paris Photo confirma seu papel como epicentro internacional da fotografia contemporânea. Entre as atrações mais aguardadas da feira está a exposição "A Última Foto", uma seleção da coleção Estrellita Brodsky.
Esta é a primeira vez que sua coleção é apresentada na Europa, com mais de sessenta obras que abrangem desde a década de 1940 até os dias atuais, de artistas como Paz Errázuriz, Leo Matiz, Ana Mendieta, Beatriz González e Vik Muniz. Brodsky explicou que sua exposição "explora como as imagens moldam nossa percepção de beleza, política e identidade". “Não sou apenas uma colecionadora de fotografias, mas de ideias. Os artistas latino-americanos romperam com os padrões e transformaram a imagem para além do mero registro documental”, acrescentou Brodsky.
A curadora e mecenas, de ascendência venezuelana e uruguaia, radicada em Nova York, dedicou grande parte de sua carreira ao estudo e à promoção da arte moderna e contemporânea latino-americana.
“Cresci em um ambiente onde havia pouco reconhecimento para essa arte”, recordou. “Achei essencial dar visibilidade e reconhecimento aos artistas que vêm criando obras de enorme relevância cultural e política há décadas.”
Artistas Latino-Americanos
Brodsky observou que seu interesse acadêmico se concentrava em artistas latino-americanos na Paris do pós-guerra, com uma perspectiva transnacional. “Os artistas trabalham sem fronteiras”, afirmou, “e é importante destacar os temas que compartilham: sociedade, cultura, gênero e política.”
Sobre a exposição, ela explicou que A Última Foto está estruturada em três seções: paisagem, corpo e política, todas interligadas com a ideia de como a imagem fotográfica foi manipulada ou reinterpretada pelos artistas. “Fui convidada pela Paris Photo e aceitei porque, embora não seja uma colecionadora de fotografia propriamente dita, muitas das minhas obras dialogam com a imagem fotográfica e a forma como ela influencia o nosso cotidiano”, observou.
O título vem de uma série da artista brasileira Rosângela Rennó, que marca a transição conceitual entre a fotografia analógica e a digital. “Essa mudança da mídia física para a imaterial parece emblemática do momento que estamos vivendo”, enfatizou Brodsky.
Entre as peças mais representativas, a colecionadora destacou o trabalho de Beatriz González, que transformou uma imagem jornalística de um presidente colombiano em festa, enquanto o país vivenciava uma crise, em uma cortina doméstica vendida “por metro”, questionando, assim, o papel da mídia e o consumo de imagens.
“Para mim, é uma honra apresentar esta coleção na Europa, em um espaço tão icônico como o Grand Palais”, afirmou Brodsky. “A França sempre foi um lugar acolhedor para artistas latino-americanos, e esta exposição reflete justamente o diálogo internacional que busco promover.”
Além de sua presença latino-americana, a Paris Photo 2025 amplia sua perspectiva global com destaques da Índia, Oriente Médio, Japão e Europa Oriental, e com maior representatividade feminina graças ao programa Elles x Paris Photo, que dobrou a participação de artistas mulheres desde 2018.
Paralelamente, a feira promove palestras com artistas e teóricos, o PhotoBook Awards, instalações experimentais e um novo espaço educativo dedicado à câmara escura analógica, em colaboração com a Sorbonne e o International College of Photography. Com um público superior a 80.000 visitantes em 2024, a Paris Photo consolida sua posição este ano como um laboratório de ideias sobre o presente e o futuro da imagem.
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