Atlas da Cultura Venezuelana, projeto que busca destacar a arte e a obra intelectual da diáspora na Argentina
A iniciativa apresenta um catálogo de obras de arte criadas por venezuelanos entre 2010 e 2025
Nesta quinta-feira, 21 de agosto, foi apresentado em Buenos Aires, Argentina, o Atlas da Cultura Venezuelana 2025. Este projeto busca destacar e documentar as contribuições artísticas, literárias e intelectuais da diáspora venezuelana na capital argentina. O projeto foi anunciado no contexto do Primeiro Encontro de Literatura e Cultura Venezuelana no Sul, intitulado "Meus Dois Mundos".
Consiste em um catálogo online gratuito de obras de arte venezuelanas expostas em museus de Buenos Aires, uma lista de publicações de autores venezuelanos publicadas na Argentina entre 2010 e 2025 e um índice de criadores culturais venezuelanos residentes na cidade.
"Esta iniciativa não se apresenta como um cânone fechado, mas como um trabalho em andamento, consciente de que a cultura migrante é dinâmica, mutável e em constante recomposição", afirma um documento compartilhado pelos editores do projeto.
O Atlas da Cultura Venezuelana em Buenos Aires busca retratar os principais desafios da migração, tanto coletiva quanto individualmente, e a sensação de "invisibilidade" e "carência" que a perda da própria paisagem cultural traz, segundo o texto.
Seus idealizadores também apontam que o projeto surgiu da necessidade de reconexão entre os mais de 80 mil venezuelanos residentes na capital argentina.
"Este projeto não pretende ser a solução para o problema; acreditamos que
constitui um passo na direção certa: a de tornar visível a contribuição literária,
artística e intelectual que nosso país dá à região por meio da diáspora", enfatiza o texto.
O atlas foi apresentado por editoras venezuelanas independentes em Buenos Aires, como Los Cuadernos del Destierro, Luba Ediciones, Maldita Poesía Ediciones, entre outras.
Arte venezuelana em diversos museus de Buenos Aires
O Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA), o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e o Museu de Arte Contemporânea de Buenos Aires (MACBA) abrigarão 15 obras de artistas venezuelanos.
“Essas peças não apenas refletem a contribuição da Venezuela para o patrimônio artístico local, mas também falam do papel compartilhado entre ambas as nações nos principais debates estéticos do continente, impulsionados no século XX pela arte cinética, abstração e conceitualismo e, nos últimos anos, por uma releitura crítica da tradição moderna”, afirmaram os editores do projeto.
Entre as obras em exposição no MALBA estão: Casal 2, de Marisol Escobar; Esfera Número 3, de Gertrudis Goldschmidt (GEGO); Gato, de Francisco Narváez; El Manteco, de Alejandro Otero; e Três Figuras em Movimento, de Héctor Poleo.
Em relação às obras expostas no MNBA, algumas das mencionadas são: Trianguconcéntricos, de Elías Crespín. E no MACBA, estão: Physicromía nº 321-B, de Carlos Cruz-Diez.
Além disso, o Atlas da Cultura Venezuelana destacou as obras expostas em espaços públicos, como um mural que presta homenagem a Carlos Jáuregui, histórico ativista argentino pelos direitos LGBTQ+. Ele está localizado na estação homônima da Linha H do Metrô de Buenos Aires e é uma obra do artista venezuelano Daniel Arzola.
“A obra combina arte visual com ativismo e cobre escadas, varandas e paredes da estação”, descreve o texto sobre a obra de Arzola.