A exposição "O Retorno das Imagens: Gravuras de Hernán Arévalo" é considerada a maior mostra de gravuras de um artista costarriquenho em Cuba.
Havana, 3 de novembro – Em sua segunda visita a Cuba, com "O Retorno das Imagens: Gravuras de Hernán Arévalo", o pintor costarriquenho realiza um sonho antigo: expor na Casa de las Américas, instituição à qual doou seis obras da mostra para enriquecer seu acervo de arte latino-americana.
Para o artista, a exposição, "como o título sugere, é um retorno às imagens e ideias que outrora me inspiraram na história da arte cubana: Wifredo Lam, Manuel Mendive. É como voltar às minhas raízes e realizar algo que sempre quis fazer."
“A exposição ficou linda, muito séria, e isso graças à equipe da Casa de las Américas… é como um sonho realizado, porque eu queria expor aqui na Casa, que é um farol da cultura latino-americana”, comentou.
Formado pela Escola de Belas Artes da Universidade da Costa Rica e com mais de três décadas de experiência artística, Hernán Arévalo desenvolveu uma obra que se destaca pelo domínio técnico e pela capacidade de integrar tradição, modernidade e crítica social.
Seu trabalho é caracterizado por uma linguagem visual carregada de força cromática, figuras híbridas e alusões míticas que reconfiguram os imaginários de identidade, memória e resistência.
Nesta nova exposição, segundo as notas da mostra, Arévalo explora o poder narrativo da gravura como meio expressivo, estabelecendo um diálogo com a herança estética caribenha e latino-americana.
Retorno às Raízes
Sobre esta primeira exposição, Silvia Llanes, Diretora de Artes Visuais da instituição cultural, declarou: “Esperamos que se repita e que este seja o primeiro de muitos projetos”.
A exposição, que ficará em cartaz até novembro, apresenta obras criadas com técnicas de xilogravura e cromoxilografia entre 1991 e 2025.
Na abertura da exposição, Llanes enfatizou o privilégio de expor o trabalho de Arévalo, observando que “esta é a primeira vez que realizamos uma exposição individual tão grande de gravuras de um artista costarriquenho” e destacando seu domínio das técnicas empregadas.
Ela acrescentou que “será uma lembrança duradoura devido à beleza das obras e à sua forte conexão com nossos sentimentos e nossa cultura”.
Lilian Rodríguez, Encarregada de Negócios da Embaixada da Costa Rica em Havana, agradeceu à Casa de las Américas, em nome da missão diplomática, por sediar a exposição e enfatizou os laços históricos que unem as duas nações. Segundo Rodríguez, “Hernán Arévalo é um representante das mais refinadas tradições caribenhas e latino-americanas e do vínculo entre a Costa Rica e Cuba que remonta ao final do século XIX, quando Antonio Maceo, Flor Crombet e outros cubanos se estabeleceram na Costa Rica e fundaram o cantão de Nicoya”, onde eram frequentemente visitados pelo Herói Nacional de Cuba, José Martí.
Rodríguez referiu-se à longa tradição da xilogravura na Costa Rica e enfatizou que Arévalo, “com madeira e cinzel, cria um universo onde animais e feras se entrelaçam com figuras femininas nuas e paisagens urbanas”. Suas obras, considerou ele, são um testemunho da riqueza e diversidade cultural do Caribe e da América Latina, lembrando-nos “da importância e da necessidade de preservar nossas tradições”.
A exposição, disse ele, “promete imergir os visitantes em um mundo vibrante de cores e formas influenciado pela rica herança cultural da América Latina”, onde “Arévalo nos apresenta uma visão única e fascinante da relação entre natureza e humanidade. Em cada gravura há cor, forma, movimento, música, sincretismo e realismo mágico, como descrito por Alejo Carpentier em seu artigo ‘O Real Maravilhoso’”.
A Casa de las Américas é uma instituição cultural fundada em 28 de abril de 1959 para promover a integração sociocultural com a América Latina, o Caribe e o resto do mundo. (2025)
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