'Pop Brasil' no Malba: Arte, Ditadura e Modernização em uma Exposição Imperdível
A exposição reúne 120 obras de 50 artistas brasileiros que marcaram uma era de intensa efervescência cultural.
Com curadoria de Yuri Quevedo e Pollyana Quintela, ela examina as interseções entre arte, política e cultura popular durante a ditadura militar.
A exposição permite aos visitantes redescobrir o poder visual e crítico de uma geração que transformou a história da arte na América Latina. O Malba inaugura duas exposições esta semana com artistas internacionais cujas obras ressoam na Argentina sob diferentes perspectivas. Após sua temporada na Pinacoteca de São Paulo, a exposição 'Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70' chega ao Museu de Arte Latino-Americana, oferecendo uma visão panorâmica atualizada de um dos períodos mais produtivos da arte brasileira.

A exposição, com curadoria de Yuri Quevedo e Pollyana Quintela, da Pinacoteca, reflete as práticas artísticas politicamente engajadas que se desenvolveram no Brasil durante duas décadas marcadas pela rápida modernização econômica e industrial, mas também pela repressão política sob a ditadura militar que governou o país de 1964 a 1985. A mostra, que inaugura nesta quinta-feira, às 19h, ficará em cartaz até 2 de fevereiro de 2026.
A exposição apresenta 120 obras de 50 artistas-chave daquele período, que utilizaram a mídia de massa, o grafismo político e a arte conceitual para amplificar suas vozes críticas por meio da linguagem da cultura popular.
A exposição inclui 120 obras de 50 artistas que foram figuras centrais daquele período e que utilizaram a mídia de massa, o grafismo político e a arte conceitual para fazer com que suas vozes críticas fossem ouvidas por meio da linguagem da cultura popular. No texto introdutório de Rodrigo Moura, diretor artístico do Malba, e Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo, menciona-se especificamente que a exposição não apenas revisita os rótulos de “pop” e “político” na arte das décadas de 1960 e 70, mas também busca “complicar as estratégias estéticas e discursivas de uma geração que respondeu ao seu contexto sem abandonar a experimentação formal”.
Isso fica evidente ao longo da exposição, que inclui obras da coleção Roger Wright — uma das mais importantes do Brasil dedicadas a essas décadas — bem como do Malba e do Costantini. Apresenta obras de Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Claudio Tozzi, Augusto de Campos, Gerty Sarué, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel e Wesley Duke Lee, entre outros artistas relevantes desse período.
É verdade que existem ressonâncias enraizadas no contexto local, mas será o visitante quem as descobrirá, tendo em mente que algumas obras serão reconhecíveis, seja pelas figuras envolvidas ou pelo próprio estilo figurativo, que também fez parte de uma certa época na Argentina.
A exposição visa explorar afinidades e divergências dentro dessa cartografia brasileira que, examinada à luz do presente, transcende seu papel de arquivo histórico para fornecer elementos que nos permitam examinar a cultura contemporânea.
Vanguardas do Passado
As décadas de 1960 e 70 não terminaram no Brasil. Com o tempo, tornaram-se a vanguarda da arte contemporânea, adquiriram valor de mercado e foram integradas a importantes coleções.
Yuri Quevedo, falando em um "portuñol" compreensível (uma mistura de português e espanhol), define a exposição na Malba como uma celebração do 120º aniversário da Pinacoteca de São Paulo, que sempre colecionou arte contemporânea. Ele também observou que a outra homenagem comemora o 60º aniversário das exposições Opinião 65 e Propostas 65, dois eventos fundamentais no cenário artístico brasileiro.
Leia mais