A Exposição que Reimagina o Passado a Partir de uma Perspectiva Global

A Exposição que Reimagina o Passado a Partir de uma Perspectiva Global

“Sonhos Piruwmanta”: A Exposição que Reimagina o Passado a Partir de uma Perspectiva Global
O artista peruano José Bazo apresenta uma série de pinturas que conectam sua formação acadêmica europeia com a iconografia andina na La Rebelde Librería, em 5 de julho.

Uma pintura a óleo pode carregar séculos de história se o traço permitir. José Bazo, artista peruano radicado em Londres, utiliza essa técnica para construir imagens baseadas em tecidos, cerâmicas e símbolos pré-colombianos do Peru. O resultado não é arqueologia visual nem uma réplica literal, mas sim uma proposta que traduz o ancestral para uma linguagem contemporânea. Essa é a premissa de Sonhos Piruwmanta, sua mais recente exposição individual, que abre em 5 de julho na La Rebelde Librería, em Lima.

A exposição reúne obras nas quais figuras como felinos mitológicos, padrões geométricos e estruturas têxteis emergem em composições complexas, elaboradas com rigor acadêmico. Bazo estudou pintura figurativa em Florença, após um aprendizado em estilo renascentista. Essa influência não é coincidência: “O Império Inca e o Renascimento italiano são contemporâneos. Isso não é mencionado com frequência, mas é uma coincidência histórica que permeia grande parte do meu trabalho”, diz Bazo.

Essa intersecção de tempos e linguagens norteia toda a proposta. Cada obra busca gerar um diálogo entre o passado e o presente, sem idealização ou nostalgia. “Nossa cultura não é uma relíquia”, enfatiza Bazo, “não está congelada no tempo; é tão viva quanto os artistas que a compõem”. Consequentemente, essa coexistência entre o andino e o clássico responde não apenas a uma busca formal, mas à intenção de ativar o legado ancestral como parte do presente e dentro do fluxo da criação contemporânea. "Diario El Comercio. Todos os direitos reservados."
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O título da exposição explora essa intersecção: Piruwmanta significa “do Peru” em quíchua, enquanto Sonhos se refere a um termo cotidiano em inglês. É uma combinação que reflete o contexto do artista — formado na Europa, mas marcado por suas origens andinas — e, ao mesmo tempo, questiona os rótulos com os quais a arte latino-americana é frequentemente interpretada fora do continente.

"Quero que a cultura peruana não seja observada apenas em museus. Ela também possa ser encontrada em galerias contemporâneas, em diálogo com a arte de diferentes partes do mundo", argumenta nesta proposta, que reflete sua passagem por Londres, cidade que nos últimos anos começou a abrir espaços para a arte contemporânea latino-americana. "Diario El Comercio. Todos os direitos reservados."
Nesse ambiente, sua série apresenta uma alternativa ao exotismo: nem folclore nem objeto de vitrine. "A cultura original é altamente romantizada, mas também há uma nova visão artística que conta outras histórias que nos colocam como parte do global", enfatiza Bazo. Sua abordagem se baseia em uma perspectiva que não busca se encaixar em moldes comerciais, mas sim propor a partir de um lugar de autenticidade.

Essa reinterpretação também se estende aos materiais. Embora as referências sejam cerâmicas e tecidos andinos, o suporte continua sendo o óleo sobre tela. Cada pintura apresenta um ritmo visual construído a partir do desenho, da escala tonal e da composição. Cada detalhe conta para direcionar o olhar, criar atmosfera e sustentar sua proposta. "Diario El Comercio. Todos os direitos reservados."
Com Piruwmanta Dreams, Bazo propõe nos encontrarmos dentro de um todo. Um mundo interconectado que reconhece suas particularidades não como uma barreira, mas como uma possibilidade de diálogo. Da livraria La Rebelde, em Barranco, ele nos lembra que a cultura não é apenas ruínas, mas um material capaz de se transformar sem perder suas raízes. "Como uma tocha passada de geração em geração, e cada um decide como carregá-la", conclui. "Diario El Comercio. Todos os direitos reservados."
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